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Controle financeiro é crucial para manter contas em dia

Serasa afirma que bons pagadores utilizam algum método de gestão de despesas

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
30/04/2024 às 08:25.
Atualizado em 30/04/2024 às 08:25
O número de inadimplentes em Campinas subiu de 443.563 para 445.773, uma diferença de 0,049%; já o total das dívidas acumuladas teve uma variação de R$ 3 milhões, passando de R$ 2,888 bilhões para R$ 2,891 bilhões (Alessandro Torres)

O número de inadimplentes em Campinas subiu de 443.563 para 445.773, uma diferença de 0,049%; já o total das dívidas acumuladas teve uma variação de R$ 3 milhões, passando de R$ 2,888 bilhões para R$ 2,891 bilhões (Alessandro Torres)

A manutenção das contas pessoais está diretamente relacionada à adoção de algum método de controle financeiro diário. Isso inclui práticas como controle orçamentário, acompanhamento de despesas, gestão de dívidas, planejamento financeiro de longo prazo e uso de ferramentas digitais, como aplicativos e planilhas. Uma pesquisa da Serasa Comportamento revelou que 90% dos consumidores com classificação "Excelente" pela empresa de análise de crédito utilizam algum método de gestão de despesas. O índice cai para 68% entre os consumidores com pontuação "Baixa", segundo o levantamento realizado no mês passado com 3.025 pessoas de todo o país, incluindo a Região Metropolitana de Campinas (RMC).

O score de crédito é uma pontuação que indica para o mercado se o cliente é um bom pagador. Com uma escala de 0 a 1.000 pontos, representa a probabilidade de o consumidor pagar as contas em dia nos próximos 12 meses. É o resultado de um cálculo estatístico que auxilia as empresas a avaliar o risco de conceder crédito com base no comportamento dos consumidores. Uma pontuação baixa reduz significativamente as chances de obter crédito no mercado, além de aumentar o custo do crédito para quem tem dívidas acumuladas ou costuma pagar contas com atraso.

A avaliação "Excelente" compreende pessoas com pontuação entre 701 e 1.000, sendo que 9 em cada 10 dessas pessoas afirmam manter um rigoroso controle sobre as despesas, levando em consideração a renda mensal e respeitando os limites do orçamento. Segundo a pesquisa, essas pessoas utilizam um ou mais recursos digitais para controlar suas finanças, como acompanhamento online de extratos (47%), monitoramento de faturas de cartões (46%) e uso de planilhas (43%).

A aposentada Beatriz Melo mantém um controle rotineiro de suas finanças para evitar surpresas desagradáveis. "Sempre verifico o saldo antes de fazer uma compra e só a realizo se tenho certeza de que poderei pagar", afirmou. Ela usa um aplicativo do banco em seu celular para facilitar o controle, permitindo-lhe verificar o saldo a qualquer hora e em qualquer lugar. "Manter os gastos registrados é o primeiro passo para evitar dívidas e planejar o futuro financeiro a médio e longo prazos", explicou Clara Aguiar, especialista em educação financeira da Serasa.

NO VERMELHO

Entre 47% e 49% das pessoas com score "Baixo" (0 a 300 pontos) ou "Regular" (301 a 500 pontos) ainda preferem usar o papel para controlar suas finanças. No entanto, há também quem não faça nenhum tipo de controle financeiro. É o caso da auxiliar administrativa Alessandra Daiane Alves Silva, que admite que essa prática a coloca repetidamente em apuros. "Estou sempre com contas atrasadas", disse. Para equilibrar suas finanças, ela recorre a empréstimos. Os juros cobrados, inclusive os gerados pela inadimplência, consomem parte de seu salário, reduzindo seu poder de compra.

A educadora financeira Clara Aguiar ressalta que o controle dos gastos deve seguir cinco quesitos básicos: renda mensal (incluindo todas as fontes de receita), limite de gastos por mês, gastos no período anterior, capacidade de poupar até o fim do ano e principais metas financeiras. Seguir esses passos também ajuda a lidar com despesas inesperadas. O levantamento mostrou que, entre os consumidores com score "Excelente," 89% pagaram todas as contas em dia, mesmo com 57% deles enfrentando despesas inesperadas.

A pesquisa mostrou que 80% dos clientes com pontuação "Baixa" enfrentaram problemas financeiros devido a gastos extras, e 46% afirmaram ter convivido com a inadimplência por terem emprestado o nome para despesas de terceiros, como liberar o uso do cartão de crédito ou assumir a titularidade de uma compra financiada. O motorista Pedro André dos Santos já passou por essa situação. "Hoje não empresto meu nome para ninguém", afirmou.

Apesar desse cuidado, ele admite que não faz controle dos gastos e vive continuamente com contas atrasadas. "Não deixo de fazer o que quero. Fico endividado, trabalho e pago as contas", disse. Uma de suas principais dívidas é o cartão de crédito, que ele usa no limite como uma extensão do seu poder de compra.

INADIMPLÊNCIA

O motorista faz parte do contingente de 1,114 milhão de inadimplentes cadastrados na Região Metropolitana de Campinas (RMC) pela Serasa. Apesar de alto, o número, que equivale a quase toda a população de Campinas, permaneceu estável em fevereiro. A diferença em relação ao 1,111 milhão do mês anterior foi de 0,27%, de acordo com um balanço divulgado pela Serasa.

O valor total das dívidas também se manteve estável, totalizando R$ 7,013 bilhões em fevereiro, uma ligeira queda de 0,17% em relação aos R$ 7,025 bilhões de janeiro, quando foi registrado o recorde histórico dos últimos cinco anos, período analisado pela empresa de crédito. Campinas, um dos principais mercados consumidores do Estado de São Paulo e do país, seguiu essa tendência. O número de inadimplentes na cidade subiu de 443.563 para 445.773, uma diferença de 0,049%. Já o total das dívidas acumuladas teve uma variação de R$ 3 milhões, passando de R$ 2,888 bilhões para R$ 2,891 bilhões.

De acordo com o levantamento, o valor médio das dívidas por inadimplente em Campinas é de R$ 6,47 mil, enquanto o valor médio por dívida é de R$ 1,49 mil, indicando que muitos consumidores têm mais de uma conta em atraso. Esse comportamento de estabilidade nas contas em atraso também foi observado em todo o Brasil. O Mapa da Inadimplência e Renegociações de Dívidas da Serasa mostrou que o total de devedores em fevereiro foi de 72,04 milhões (-0,04%), enquanto o montante de dívidas chegou a R$ 383,2 bilhões (0,15%).

Os setores com maior concentração de dívidas em fevereiro foram bancos e cartões de crédito, que representaram 29,27% do total. Em seguida, vêm as contas básicas, como água, luz e gás (22,67%), seguidas por financeiras (17,17%) e varejo (10,99%), praticamente repetindo os resultados do mês anterior. O levantamento também revelou que o maior número de devedores está na faixa etária de 41 a 60 anos (35%), seguida pela faixa de 26 a 40 anos (34,2%), acima de 60 anos (18,8%) e até 25 anos (12%). Há um equilíbrio entre os gêneros, com as mulheres representando 50,4% do total e os homens somando 49,6%.

A Serasa prorrogou as renegociações de contas em atraso dentro do programa Desenrola Brasil até 20 de maio. Essa é a mesma data prevista para o encerramento do programa, lançado pelo governo federal em 17 de outubro do ano passado. Os consumidores podem acessar as ofertas por meio do site ou aplicativo da empresa.

Desde 4 de março, com a realização do MegaFeirão Serasa e Desenrola, cerca de 3,6 milhões de acordos foram fechados no país. Os números incluem dívidas relacionadas ao programa e outras negociações com as 700 empresas parceiras do mutirão, como bancos, securitizadoras, varejo, operadoras de telefonia e contas básicas. Ao todo, foram concedidos cerca de R$ 18,9 bilhões em descontos, segundo balanço divulgado pela empresa.

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