XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Goldman Sachs

Estéfano Barioni
27/03/2024 às 17:11.
Atualizado em 27/03/2024 às 17:11
Goldman Sachs (Reprodução)

Goldman Sachs (Reprodução)

Na semana passada, as atenções do mercado foram capturadas por uma recomendação do banco Goldman Sachs aos seus investidores: a orientação para apostarem na venda de ações de empresas estatais brasileiras, ao mesmo tempo em que é mantida uma perspectiva favorável às empresas brasileiras do setor privado. Essa recomendação não é um mero exercício de mercado, mas um reflexo dos impactos que a ingerência governamental pode ter na geração de valor das estatais.

Avaliação

O Goldman Sachs, com sede em Nova York, é uma das instituições financeiras mais prestigiadas e influentes do mundo. Em meio a sinais de maior intervenção do governo - sinais que se tornaram especialmente notórios no caso da Petrobras com a questão do não pagamento dos dividendos extraordinários - o banco projetou um cenário onde os ativos estatais estão suscetíveis a uma potencial desvalorização.

FRASE

"O silêncio é mãe da verdade"

Benjamin Disraeli, político e escritor britânico

Compromisso

Empresas estatais devem ser geridas com foco na eficiência e na criação de valor, mesmo quando perseguem objetivos que transcendem a esfera estritamente comercial, como a prestação de serviços essenciais que não atraem investimento privado. Quando essas empresas têm ações negociadas em bolsa, assumem um compromisso não apenas com seus objetivos iniciais, mas também com os princípios de lucratividade e retorno sobre investimento que regem o mercado.

Objetivos

Empresas estatais com participação no mercado de ações devem balizar sua atuação por uma gestão profissional, direcionada pelos objetivos estratégicos, econômicos e comerciais que justificam sua existência. Contudo, o desvio desses objetivos corporativos para atender a agendas políticas compromete não apenas a gestão, mas também a atração de capital privado, que é essencial para o desenvolvimento e a sustentabilidade dessas empresas.

Prêmio

A lógica de operar vendido em estatais, como recomendado pelo Goldman Sachs, nasce da tensão entre gestão empresarial e ingerência política. O relatório citado aponta para um "prêmio político" nos ativos brasileiros como um todo, com custo maior especialmente sobre as estatais. Isso se traduz em um risco aumentado, sobretudo em um cenário de possível maior intervenção governamental, que pode desvalorizar ainda mais essas ações.

Transparência

A presença de acionistas privados, por meio das ações negociadas em bolsa, impõe a necessidade de transparência e de alinhamento a expectativas de mercado. Contudo, o desempenho dessas empresas muitas vezes reflete a prevalência de interesses políticos, comprometendo não apenas seu valor de mercado, mas também a confiança dos investidores.

Petrobras

O exemplo da Petrobras, destacado pelo banco, ilustra esse dilema. A companhia, uma das gigantes globais do petróleo, passou por uma fase de desalavancagem e melhoria de indicadores financeiros nos últimos anos. No entanto, políticas como a recente decisão sobre dividendos extraordinários reacendem velhas preocupações sobre o grau de autonomia de suas operações frente a intervenções governamentais.

Mercado

A recomendação do banco para adotar uma posição "vendida" em estatais e "comprada" em empresas privadas tem relação com a expectativa de que essas possam capitalizar melhor o atual ciclo de cortes de juros. Exatamente por estarem mais inseridas na lógica de mercado, as empresas privadas são mais sensíveis às condições financeiras do mercado.

Desenvolvimento

A orientação do Goldman Sachs aos seus investidores não é apenas uma estratégia financeira; é um alerta sobre os efeitos nocivos que a ingerência governamental pode ter na eficiência e na valorização das empresas estatais. A gestão dessas empresas deve ser guiada por princípios de mercado, com transparência e responsabilidade perante seus acionistas, assegurando assim sua sustentabilidade financeira e contribuição para o desenvolvimento econômico do país.

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