O LEGADO DA DANÇA

Livro do fotógrafo Alex Nucci revela em imagens os detalhes da história do 'Ballet Lina Penteado'

Obra do fotógrafo campineiro é composta por registros fotográficos do período entre 1952 e 1999

Cibele Vieira/ [email protected]
23/04/2024 às 14:02.
Atualizado em 23/04/2024 às 14:02
Academia Lina Penteado realizou inúmeras montagens de espetáculos (Alex Nucci)

Academia Lina Penteado realizou inúmeras montagens de espetáculos (Alex Nucci)

Os 47 anos da Academia Lina Penteado estão relatados em centenas de imagens e textos de autoria do fotógrafo Alex Nucci (1942-2020), em livro que deverá ser lançado oficialmente em maio. Embora aguarde o lançamento oficial, a publicação já está disponível em duas livrarias. Nela, Alex mostra bastidores e palcos, coreógrafos consagrados e personagens anônimos, além de bailarinos e bailarinas que passaram pelos corredores da academia, com suas montagens e espetáculos. Mas registra também passagens da história pessoal de Lina da Cunha Penteado, uma mulher que se dedicou ao ensino da dança em Campinas e deixou um legado artístico importante para a cidade.

A publicação relata, sob o olhar do fotógrafo, o período de 1952 – ano da fundação da Academia Lina Penteado – até 1999, quando o autor deixou de colaborar com a instituição. Ele faleceu em 2020, mas deixou o livro em arquivos organizados. O filho de Lina, Moacir da Cunha Penteado – mais conhecido como Cizinho – coordenou a produção desta edição independente, sob a orientação do jornalista e editor Ricardo Lima e apoio dos empresários Luiz Norberto Paschoal e Juarez Cintra Pereira. “Ela era uma mulher de muita iniciativa, muito dinâmica e sempre buscava o novo. O Alex queria homenageá-la e nós queremos mostrar a lutadora que ela foi, deixar na memória de Campinas o muito que ela fez pelas artes”, declara Cizinho.

A Academia Lina Penteado se tornou uma referência nacional no ensino da dança – em várias modalidades – e profissionalizou o ballet em Campinas. Foi uma das primeiras do País a ter cursos oficializados pelo Ministério da Educação com qualificação técnica em nível de segundo grau e, em 1970, foi pioneira ao se filiar à Royal Academy of Dance, de Londres, proporcionando um intercâmbio para os alunos campineiros, além de receber examinadores e sediar eventos internacionais. Foram inúmeras montagens de espetáculos, como o “O Lago dos Cisnes”, de Tchaikovsky, que se apresentou em Salvador e no Teatro Municipal de São Paulo em conjunto com a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, à época regida por Benito Juarez e com detalhes registrados no livro.

Lina Penteado, ao lado do fotógrafo Alex Nucci, autor das imagens e textos do livro (Divulgação)

Lina Penteado, ao lado do fotógrafo Alex Nucci, autor das imagens e textos do livro (Divulgação)

A ex-aluna Liliana Testa assumiu a academia em 2011, fundindo-a com a Academia Íris Ativa Dança, formando a IAD – Lina Penteado, o que permitiu dar continuidade ao legado de Lina Penteado mesmo após sua morte em 2014. “Ela trouxe para o Estado de São Paulo o método que a maioria das escolas tenta seguir, formou muitos bailarinos que fizeram carreira no exterior e sempre foi referência de qualidade nessa área”, afirma Liliana. Era a “tia Lina” que comandava o trabalho com uma gestão que unia técnica, qualidade e senso artístico, com o olho nas tendências. Ela lembra também do trabalho de Alex Nucci, “uma pessoa muito inteligente e espirituosa”. 

O colunista social campineiro Alexandre Pacheco e Silva Nucci, mais conhecido como Alex Nucci, tinha 78 anos de idade e assinava o blog “Cosmopolitan Campinas” quando faleceu, em 31 de dezembro de 2020, por complicações da covid-19. Na época, ele estava finalizando seu quarto livro, no qual pretendia homenagear Lina da Cunha Penteado, a precursora da dança em Campinas e com quem trabalhou registrando as atividades por 15 anos. Quando ele faleceu, a irmã entregou à família o pen-drive onde ele mantinha os arquivos do livro, que foi produzido de maneira independente por Cizinho.

Alex Nucci se formou em Psicologia no final dos anos 1960 na Universidade de São Paulo (USP) e atendeu em seu consultório por 25 anos, período em que colaborou para várias revistas da Editora Abril. Mas foi como fotógrafo autodidata que se tornou mais conhecido. Suas fotos estampavam colunas sociais de jornais (como o extinto Diário do Povo) e revistas de Campinas, mas eram produzidas também para a Revista Veja e publicações americanas.

Amigos contam que ele chegou a ter quatro capas, simultaneamente, em bancas nos Estados Unidos. Publicou três livros: “50 anos da Sociedade Campineira” (2001), “Era uma vez 1984...” (2012) e “Famílias Campineiras” (2017). Como acadêmico do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas, ocupou a cadeira 31, cujo patrono era Alceu Amoroso Lima. A nova publicação “O Ballet Lina Penteado (1952-1999)” está disponível nas livrarias Pontes e Candeeiro.

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