Exposições ativam a memória da ditadura e o olhar focado nas pessoas

Duas exposições de gravuras, xilogravuras e fotografias mostram diferentes realidades da população brasileira. “Rememória” lembra pessoas que sofreram a repressão do regime militar e tem seus rostos estampados em xilogravuras, por meio de ações coletivas. Já “Rostos e Ruas” usa a população de rua, o futebol, as viagens de bicicleta, a pobreza e a violência paulistana como referências para suas gravuras. Esses trabalhos estão expostos na Galeria do Instituto de Artes da Unicamp (GAIA), onde podem ser vistos gratuitamente até o dia 10 de maio.

“Rostos e Ruas” tem a autoria do artista Leonardo Led, que desde 2014 produz gravuras impressas em papel no ateliê Grafika 3, em São Paulo. O elemento principal na série de trabalhos é a figura humana, apresentada em tamanhos variados e que misturam referências de arte urbana como pixação, grafite e outros elementos. A intenção do artista é revelar a mistura de caos e força que os rostos cotidianos carregam no olhar.

Led explica que é professor e sempre convida seus alunos a produzirem e ocuparem os espaços públicos com arte, como forma de tornar essas áreas mais conhecidas. Suas imagens foram captadas na zona Sul da capital paulista e mostram seu contato com a população de rua e com as atividades cotidianas da população, como o futebol, a bicicleta como meio de locomoção, além das cenas que denotam a pobreza e violência presentes naquela região.

Lembrar para não esquecer Os 60 anos desde o golpe militar que implantou a ditadura no País foram completados em 31 de março de 2024 e a mostra “Rememória” procura resgatar as lembranças de pessoas torturadas e assassinadas durante esse período da história.

Inspirada nos conceitos de memória, verdade, justiça e desinformação, a exposição propõe a criação coletiva de retratos, por meio da técnica de xilogravura e, para isso, realizou várias ações coletivas no campus da Unicamp. Márcio Elias, artista do coletivo Xilomóvel, relata que “a memória entra como um projeto de autoria coletiva. Qualquer pessoa que chegava disposta a participar tornava-se um autor daquela obra, assinando a ficha técnica”.

O Xilomóvel é uma oficina montada em um veículo com a proposta “de levar o ateliê de gravação para a rua, para o espaço público, como uma ação política, é uma questão de compartilhar o conhecimento, compartilhar o acesso à arte, compartilhar o acesso à cultura”, destaca Márcio.

A mostra “Rememória” procura resgatar as lembranças de pessoas torturadas e assassinadas durante a ditadura. “Uma violência de Estado contra a sua população que é pouco discutida e, inclusive, negada ou minimizada por atores políticos simpatizantes do regime militar. No Projeto Rememória, retratamos algumas dessas pessoas e, através da xilogravura, em um ambiente de Ateliê Coletivo, convidamos a todos a gravar e imprimir conosco esses rostos para que não nos esqueçamos, para que não se repita jamais", salienta Márcio.

Uma das ações propostas durante a mostra é a realização de uma mesa redonda no dia 9 de maio, às 14h, no espaço da Gaia. Intitulada “Rememória: Ação Artística e Memória Guarani”, contará com a participação de José Neira, Luiz Medina, Erick Lemes, Keila Fernandes, Diogo Guarani e Daiana Fernandes, todos membros do Xilomóvel Ateliê Itinerante. O evento é aberto e gratuito.

PROGRAME-SE

Exposições “Rememória” e “Rostos e Ruas”

Quando: Até 10 de maio, com visitação de segunda a sexta, das 9h às 17h

Onde: GAIA (Galeria de Artes do Instituto de Artes) da Unicamp Rua Elis Regina, nº 50, Cidade Universitária, Barão Geraldo

Entrada Gratuita

Informações: Tel.: (19) 3521 6561

Instagram @iaunicamp

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