EPIDEMIA

Com mais oito mortes anunciadas, RMC acumula 43 vítimas fatais da dengue

20 cidades da Região Metropolitana ainda contam com 76 óbitos em investigação

Eliane Santos/[email protected]
09/05/2024 às 10:38.
Atualizado em 09/05/2024 às 10:38
Agentes de combate à dengue realizam vistorias na Vila Teixeira, em Campinas, em busca de criadouros do mosquito Aedes aegypti; ontem, município tinha 77,7 mil casos confirmados (Rodrigo Zanotto)

Agentes de combate à dengue realizam vistorias na Vila Teixeira, em Campinas, em busca de criadouros do mosquito Aedes aegypti; ontem, município tinha 77,7 mil casos confirmados (Rodrigo Zanotto)

A dengue não dá trégua na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Cidades da região divulgaram mais oito mortes pela doença, elevando o total de vítimas fatais para 43 e para 11 o número de cidades que passam a ter óbitos causados pela infecção.Metade das novas confirmações aconteceu em Campinas. As outras cidades que tiveram mais mortes anunciadas são Americana, uma, Itatiba, duas, e Nova Odessa, a primeira vítima fatal em decorrência da dengue em nove anos. Até ontem, a RMC acumulava 114.293 notificações positivas, 76 óbitos em investigação e mais 157 infecções que evoluíram para a forma grave.

Campinas concentra 68% de todos os casos da RMC, com 77.767 notificações. Com as quatro mortes informadas ontem, a cidade chegou a 20 óbitos, se aproximando do recorde de registros em um ano, 22, em 2015.

Em Nova Odessa, a Vigilância Epidemiológica confirmou que o primeiro óbito por dengue no ano foi de uma mulher de 42 anos moradora do Altos do Klavin. O início dos sintomas aconteceu no dia 4 de abril. Ela teve de ser internada no dia 10 do mês no Hospital Municipal, de onde foi transferida, dois dias depois, para Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Piracicaba, onde morreu no dia 15 de abril. Os últimos óbitos por dengue em Nova Odessa foram registrados em 2015, quando três moradores foram vitimados pela doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

O município segue promovendo ações diárias de combate ao mosquito e apela para que a comunidade faça sua parte eliminando das casas, estabelecimentos, quintais e terrenos todo material que posso acumular água limpa e parada.

De acordo com os dados disponibilizados pelo Painel da Dengue do Estado de São Paulo, com o novo óbito, Americana passa a ter três registros de morte. AInda há dois óbito em investigação e três casos de doença grave. A última vítima fatal é uma mulher, na faixa etária de 35 a 49 anos, com inicio dos sintomas em 17 de abril e o óbito dois dias depois (19/04). Procurada, a Prefeitura não retornou para dar mais detalhes.

Já em Itatiba, o número saltou de três para cinco vítimas fatais, um caso em investigação e sete graves. Uma mulher de 39 anos, com início dos sintomas em 13 de abril, faleceu no último dia 15. Outra mulher, de 89 anos, sentiu sintomas em 23 de março e morreu no dia 5 de abril. A Prefeitura de Itatiba, por meio da Secretaria de Saúde, informou que não há referência de comorbidades em ambos os casos.

As demais cidades com vítimas fatais são Artur Nogueira (2), Hortolândia (1), Jaguariúna (2), Santa Bárbara d'Oeste (1), Santo Antônio de Posse (5), Sumaré (2) e Vinhedo (1).

FEBRE AMARELA 

Com dois casos confirmados de febre amarela no Estado e uma morte, a Secretaria de Saúde de Campinas decidiu reforçar o alerta de vacinação contra a doença. Os casos são de moradores das cidades de Águas de Lindóia e Serra Negra, região de Campinas. De acordo com nota divulgada pela Pasta, objetivo é sensibilizar principalmente os moradores de bairros com potencial para circulação do vírus e que historicamente foram “rota” para a doença.

A forma da doença que ocorre no Brasil é a febre amarela silvestre, transmitida pelos mosquitos Haemagogus e o Sabethes, em regiões fora dos centros urbanos. É uma doença grave, que se caracteriza por febre repentina, calafrios, dor de cabeça, náuseas e leva a sangramentos no fígado, no cérebro e nos rins, podendo, em muitos casos, causar a morte. Já na febre amarela urbana, a doença é transmitida pelo Aedes aegypti e Aedes albopictus.

Os casos de febre amarela confirmados desde janeiro no Estado de São Paulo foram de um homem, 50 anos, residente na zona periurbana de Águas de Lindoia. Ele teve o início dos sintomas em 23 de março e foi a óbito no dia 29 do mesmomês. Tem histórico de atividade de corte e extração de madeira na zona rural durante deslocamento para Monte Sião (MG) nos últimos 15 dias antes do início dos sintomas. Já no caso de Serra Negra, a vítima reside na zona rural do município, evoluiu para a cura e não tem histórico de deslocamento para outra cidade no período de 15 dias antes dos sintomas aparecerem.

ÁREAS PREOCUPANTES

Em Campinas, historicamente, as áreas e adjacências onde foi identificada circulação do vírus estão localizadas nos seguintes centros de saúde (CSs) de referência: Carlos Gomes, Sousas, Joaquim Egídio, Vila Ipê, Paranapanema, Esmeraldina, Taquaral, São Vicente, Centro, Orosimbo Maia, Barão Geraldo e Village. Contudo, outras áreas do município com características ambientais favoráveis à presença dos mosquitos transmissores, como as regiões com presença de matas e florestas, também merecem atenção. As doses de vacina contra febre amarela estão disponíveis nos 68 CSs. As salas onde ocorrem a aplicação de imunizantes funcionam conforme horário de cada unidade e detalhes, incluindo endereços e contatos, estão no site: vacina.campinas.sp.gov.br.

A vacina pode ser administrada em crianças partir de 9 meses e a dose de reforço aos 4 anos de idade. Já partir de 5 anos, adolescentes, adultos e idosos devem tomar apenas uma dose do imunizante. Quem não tiver comprovante ou certeza de que já recebeu o imunizante, deve receber nova vacina. A proteção efetiva contra a doença ocorre dez dias após a vacinação. Com isso, quem vai viajar para espaços rurais, regiões de contato com mata ou áreas silvestres deve tomar a vacina pelo menos dez dias antes do deslocamento.

Campinas não registra casos positivos da doença em macacos desde 2019. Os animais não são transmissores da febre amarela, e sim as principais vítimas da doença. A presença de animais doentes serve como "alerta" de que o vírus está circulando e, quando contaminados, os primatas dificilmente sobrevivem. Quem encontrar macacos mortos deve acionar a Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) de segunda a sexta-feira pelo telefone (19) 2515-7044. Já nos demais períodos, a Defesa Civil recebe ligações pelo número 199. Vale ressaltar ainda que a febre amarela não é transmitida ao entrar em contato com uma pessoa ou animal infectado, uma vez que não é contagiosa.
 

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